Por Abner Silva – Presidente do SINDIESP
12 de junho – Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil
“Criança não trabalha. Criança sonha.”
O dia 12 de junho é, para muitos, sinônimo de romantismo — uma data que respeitamos e reconhecemos. Mas neste ano, o SINDIESP escolheu abrir espaço para um tema urgente e muitas vezes silenciado: o combate ao trabalho infantil.
No SINDIESP, fizemos uma escolha consciente. Optamos por usar a força da nossa comunicação para dar visibilidade a um tema urgente, sensível e, infelizmente, ainda negligenciado. O Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil não pode passar despercebido por nenhuma instituição que se proponha a lutar por justiça social. E nós, enquanto sindicato que representa milhares de trabalhadores da tecnologia e internet em todo o estado de São Paulo, temos o dever de ampliar essa conversa.
Defender a infância é proteger o futuro da nossa sociedade. É garantir que nenhuma criança precise abdicar da escola, da brincadeira e do convívio familiar para assumir responsabilidades que não lhe cabem. Criança não tem que se preocupar com boletos, metas ou prazos. Tem que aprender, explorar, sonhar, ser cuidada — e não explorada.
Infelizmente, a realidade ainda é dura. Segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), mais de 160 milhões de crianças estão em situação de trabalho infantil no mundo. No Brasil, mesmo com os avanços das últimas décadas, milhares ainda trabalham de forma irregular, muitas vezes em ambientes insalubres, perigosos ou marcados pela informalidade e pelo silêncio. E é exatamente esse silêncio que precisamos romper.
No SINDIESP, acreditamos que todo trabalhador merece respeito, e isso começa com a certeza de que ninguém deve começar a trabalhar antes do tempo certo. Nossa atuação está focada na valorização profissional, na negociação de melhores condições de trabalho e no fortalecimento de direitos. Mas também temos o papel de agentes formadores de consciência coletiva, especialmente em um setor como o nosso, onde o futuro está diretamente conectado à capacidade de inovar com ética, inclusão e responsabilidade social.
É verdade: não somos uma entidade voltada à infância. Somos o sindicato dos profissionais da tecnologia e da internet. Mas essa causa também é nossa — porque todos nós temos o dever moral de garantir que o lugar da criança seja preservado. Porque muitos dos profissionais que representamos são mães, pais, tios, avós, educadores, formadores de opinião. Porque muitos de nós já fomos crianças que sonhavam com um futuro melhor. E porque o trabalho infantil rouba esse sonho.
Neste 12 de junho, queremos deixar um recado claro: o SINDIESP está e estará sempre do lado da infância protegida. Não se trata de uma pauta de governo, de ONG ou de assistência social. Trata-se de humanidade. De civilização. De sensibilidade. E de justiça.
Nossa luta por um mercado de trabalho justo, transparente e ético não pode ignorar os alicerces que sustentam essa construção. E permitir ou silenciar diante da exploração infantil é enfraquecer esses alicerces.
Por isso, fazemos um chamado. Um chamado à responsabilidade compartilhada. Às empresas, que devem garantir processos e cadeias produtivas livres de qualquer vínculo com o trabalho infantil. Aos sindicatos, que precisam se posicionar — não apenas quando são diretamente afetados, mas sempre que a dignidade humana estiver em risco. E à sociedade civil, que precisa deixar de naturalizar essa realidade e passar a denunciá-la, questioná-la e combatê-la.
Enquanto houver uma criança impedida de ser criança, teremos um trabalho incompleto.
Enquanto houver uma infância roubada, teremos um futuro ameaçado.
O SINDIESP segue firme, como sempre, conectado aos trabalhadores da tecnologia e internet, garantindo seus direitos — e assumindo o compromisso de construir um presente mais justo, humano e digno para todos.
Abner Silva
Presidente do SINDIESP